As 5 coisas que precisas de saber antes que o vulcão dos Capelinhos desapareça
O vulcão dos Capelinhos é o único local do arquipélago onde podemos ficar com uma ideia mais próxima do que se pareciam as ilhas quando estas emergiram do fundo do Atlântico, após “violentas e disparatadas” erupções. Pode ser difícil de acreditar, mas em menos de 65 anos de vida, este vulcão perdeu mais de ¾ do seu tamanho original, graças aos efeitos da erosão. Este laboratório vivo, permite-nos estudar e, assim, melhor compreender os variados processos de erosão e da colonização dos seres vivos. Esta paisagem, em continua transformação, é um terreno inóspito, mas carregado de beleza, um verdadeiro monumento geológico. O que precisa de saber sobre o vulcão dos Capelinhos antes que ele desapareça: 1. Este vulcão foi durante muito tempo um vulcão submarino. Isto quer dizer, que as condutas estavam debaixo de água, originando as explosões que libertaram as cinzas que se sedimentaram em diferentes camadas. Estas cinzas vão comprimindo as camadas inferiores, até se formar uma rocha de tons amarelados e acastanhados, a que chamada de tufo. Esta rocha leva muito tempo a solidificar, razão pela qual a erosão atua com uma maior efetividade, nos anos após a erupção. 2. A sua exposta localização geográfica, na ponta Oeste da ilha do Faial, faz com que este vulcão, esteja totalmente desprotegido dos ventos e ondas provenientes dos quadrantes Norte, Oeste e Sul. As ondas são a força erosiva que mais afeta este vulcão, levando de volta os sedimentos para o fundo do mar. Em dias de muito vento, podemos sentir e ver as poeiras do Vulcão a serem levadas em grandes nuvens escuras. As fortes chuvas que se fazem sentir nos meses de Inverno, também ajudam na erosão do vulcão, formando rios de sedimentos em direção ao mar. Por vezes, forma-se uma pequena lagoa, que as gaivotas usam para se banharem. 3. Um dos poucos aspetos positivos normalmente associados a esta erupção, é a produção de vida no mar. Para haver vida no mar, é necessário que vários fatores se encontrarem presentes no “mesmo local e à mesma hora”: sol, nutrientes e minerais… e claro, água, que é onde tudo acontece! Só com estes quatro elementos, acontece o boom da primavera, tão importante para a cadeia trófica dos animais marinhos. Os vulcões, juntamente com os rios e os desertos, são a uma fonte importantíssima de minerais para o ambiente. Talvez esta, seja uma das razões pelas quais a Zona dos Capelinhos seja considerada um hot spot para os Cachalotes, uma vez que é uma zona muito rica em alimento. 4.O Vulcão dos Capelinhos foi o primeiro vulcão da história a ser estudado desde o primeiro até ao seu último dia de erupção. A razão para que isso tenha acontecido é simples! Ao contrário de outras erupções em locais remotos, esta erupção aconteceu nas traseiras de um farol, que era também a casa de quatro famílias, ao lado de uma vila temporária de baleeiros. Dizem que os primeiros que avistaram a erupção foram os vigias. Naquele dia, em vez de baleias, depararam-se com a segunda erupção histórica do Faial. Nos meses que se seguiram, muitos dos que ali viviam foram-se embora, enquanto outros curiosos, nomeadamente geólogos, se mudavam para acompanhar o desenrolar da erupção. A RTP (rádio televisão portuguesa) fez a sua primeira grande reportagem com as recém-chegadas câmaras de filmar a cores. Infelizmente, para os telespectadores, as cores da erupção eram muito sóbrias e as imagens pareciam lembrar um filme de ficção a preto e branco. 5. Uma testemunha esteve sempre presente, Tomás Pacheco da Rosa, o faroleiro que ficou para trás enquanto todos fugiam, e que vigiou a erupção do vulcão dos Capelinhos durante os 13 meses da sua atividade. “O papel de vigia de Pacheco consistia principalmente em duas funções. A primeira era guiar e acompanhar pelas terras do vulcão todos aqueles cientistas, vulcanólogos e especialistas que até ali chegavam com o objetivo de estudar o fenómeno. Tomás era um dos maiores conhecedores daquele pedaço de terra porque além de ser faroleiro no Farol da Ponta dos Capelinhos, era natural da freguesia do Capelo, a mais próxima da erupção e desde criança sempre havia estado familiarizado com essas terras e com o mar à volta delas. A segunda das funções que o Pacheco exercia era a de fotografar, registar e documentar diariamente para os Serviços Geológicos de Portugal o fenómeno e as suas consequências mais visíveis. Esta tarefa foi-lhe encarregue não só por ser conhecedor do vulcão, mas também por ser conhecedor da técnica fotográfica” (Mar Navarro Llombart). Venha ouvir estas e outras histórias enquanto exploramos este local único nos Açores. Não perca muito tempo a decidir, pois ainda pode surgir um novo vulcão que cubra o já existente! Isto pode levar milhares de anos ou até nunca acontecer.